Mixikó

"Apesar de tantas provações, a minha idade avançada e a grandeza da minha alma fazem-me achar que tudo está bem." Sófocles, Édipo

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa

"Esse Universo enfim, sem dono, não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz". Camus,O Mito de Sísifo

segunda-feira, outubro 23, 2006

A uma rapariga...

Num dia menos bom, recebi este poema de um amigo.
Hoje, é a minha vez de o dedicar a uma amiga:

Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.

Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!

Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!

Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!...

Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)

29 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É reconfortante, certamente.

12:53 da tarde  
Blogger dixubo said...

Bonito!...
Este não conhecia.
Lá está, outra grande senhora! :)

xinhus

1:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!"
--- reconfortante---

1:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá Arqueólogo,

Isso, não tem um significado de morte, mas de vida.

Todo este poema, é um incentivo à vida, caso raro na Autora.

"Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!"

1:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Deixo aqui uns comentários para reflectirem: Os poemas não se podem traduzir à letra.

"Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!"

Pode ter diversos significados, não implica necessariamente a morte.

Pode traduzir-se num incentivo à vida, como já foi aqui referido.

Pode significar que tem de se levar a vida sempre a sorrir; ou mesmo com o final que todos temos, o de parar debaixo da terra, aprendamos a tirar partido do que melhor a vida tem, i.e. façamos da morte um processo natural.

Se chegou a hora de alguém, ou neste caso, quando chegar a hora da rapariga a quem Florbela dedicou o poema, que seja uma a chegada feliz,porque tudo o que viveu foi com intensidade.

Neste caso, a bloguer, ao dedicar este poema, a essa amiga, só pode ser para lhe dar ânimo, com bonitas palavras.

1:54 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E porque não nos detemos nestas palavras?!!!!

"Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina"

A ponte aqui vista, para ultrapassar um obstáculo!!!!

1:59 da tarde  
Blogger Docinho said...

Lindo... que dedicatória carinhosa...

parabéns pelo teu coração!

beijos com mel

3:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

pronto desculpem...
mas eu continuo a achar que é um poema à morte; não como fatalidade, mas como um ciclo de esperança de renovação.

"Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!..."

3:12 da tarde  
Blogger Just Me...S said...

Muito bonito...sempre gostei de Florbela Espanca.
Beijocas fofas
S

3:13 da tarde  
Blogger £ou¢o Ðe £Î§ßoa said...

Engraçado como encaramos a poesia, uns interpretam de uma forma, outros de outra, tem dias que sentimos uma coisa, outros outra... acho que a beleza da poesia reside aí.

Eu já ofereci este poema á minha filha como incentivo á vida!
Para mim um dos melhores de Florbela Espanca.

Kiss, até outro instante!

3:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estás perdoado Arqueólogo, até porque temos temos a nossa visão, a nossa interpretação.

Agora disseste bem "um ciclo de esperança de renovação".

Beijinhos

P.S. Não dizes nada Mixikó?

3:43 da tarde  
Blogger Caroline said...

Adoro... cada palavra... cada significado oculto...
Recorda-me uma fase da minha vida em que queria ser flor... malmequer... desenhava-os... plantava-os... e comprava tudo o que fosse decorado com eles :)))
Cresci... continuo a amar flores... a sua beleza... suavidade... perfume...
Este soneto faz parte do meu imaginário... bem como esta grande senhora (Concordando com a Xu)

Beijinhos em flor

PS palavras bonitas (e sábias) para se dedicar a alguém :)))

4:12 da tarde  
Blogger Mixikó said...

Nada...

4:22 da tarde  
Blogger Miguel said...

"Surgir à luz a haste de uma flor!..."

Mais uma flor do Jardim de Poesia da Florbela Espanaca ...!

Uma Boa semana!
Bjks da Matilde

4:37 da tarde  
Blogger tixa said...

Tão lindo!!! Tão verdadeiro!!!
Boa semana doce Mixiko
Bjs grandes

4:46 da tarde  
Blogger João Moutinho said...

Linkei o seu blog, o qual apreciei bastante.

5:46 da tarde  
Blogger Barão da Tróia II said...

Boa escolha. Boa semana.

10:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

olá
pois acho que ambos podem ter razão porque a razão existe naquilo em que acreditamos embora a autora tenha muitos mais poemas em que de facto fala de morte outros tem em que a morte significa não a morte física mas uma passagem para um outro estado de espírito quem sabe até transcendental
bjinho do
herc



Amor que morre


O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos pra partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!



Florbela Espanca, Reliquiae (1931)

10:13 da tarde  
Blogger Lua said...

Gostei especialmente do inicio:

Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!


Bjs

10:58 da tarde  
Blogger amigona avó e a neta princesa said...

Adoro a Florbela... beijo...

10:22 da manhã  
Blogger conchita said...

Adorei o poema :)

1:54 da tarde  
Blogger Avalon said...

Passei para colocar a leitura em dia e deixar um beijo!!!

5:15 da tarde  
Blogger Patrícia Santos said...

Olá Guerreira!!

Adorei o Poema. Saiba a dedicada entender as entrelinhas e fazer-se à vida

Beijos

9:50 da tarde  
Blogger Angel said...

A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita. (Mahatma Gandhi)


beijinho

6:00 da manhã  
Blogger cloinca said...

Não conhecia este poema... é lindo, lindo, lindo!!!
Beijinhos bem grandes para ti doce Mixicó!
:)))

9:53 da manhã  
Blogger £ou¢o Ðe £Î§ßoa said...

Guda morningue!

Tão, ficámos em 1930???º

Kiss e até mais daqui nada!!

10:24 da manhã  
Blogger Caroline said...

Doce Mixikó... onde estás...
tenho saudades :)))

Beijinhos cu cu

11:50 da manhã  
Blogger _+*Ælitis*+_ said...

Enganei-me totalmente na nomenclatura de cromo... pensei que queria dizer "pedante" e nao "falhado"... para mim, um beto poderia ser um cromo... enfim...

ERRREIIIII :)

beijos meus para faces tuas :)

3:23 da tarde  
Blogger Sol said...

Bonito!

Beijinhos

5:45 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home