A uma rapariga...
Hoje, é a minha vez de o dedicar a uma amiga:
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.
Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!
Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!...
Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)
29 Comments:
É reconfortante, certamente.
Bonito!...
Este não conhecia.
Lá está, outra grande senhora! :)
xinhus
"Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!"
--- reconfortante---
Olá Arqueólogo,
Isso, não tem um significado de morte, mas de vida.
Todo este poema, é um incentivo à vida, caso raro na Autora.
"Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!"
Deixo aqui uns comentários para reflectirem: Os poemas não se podem traduzir à letra.
"Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!"
Pode ter diversos significados, não implica necessariamente a morte.
Pode traduzir-se num incentivo à vida, como já foi aqui referido.
Pode significar que tem de se levar a vida sempre a sorrir; ou mesmo com o final que todos temos, o de parar debaixo da terra, aprendamos a tirar partido do que melhor a vida tem, i.e. façamos da morte um processo natural.
Se chegou a hora de alguém, ou neste caso, quando chegar a hora da rapariga a quem Florbela dedicou o poema, que seja uma a chegada feliz,porque tudo o que viveu foi com intensidade.
Neste caso, a bloguer, ao dedicar este poema, a essa amiga, só pode ser para lhe dar ânimo, com bonitas palavras.
E porque não nos detemos nestas palavras?!!!!
"Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina"
A ponte aqui vista, para ultrapassar um obstáculo!!!!
Lindo... que dedicatória carinhosa...
parabéns pelo teu coração!
beijos com mel
pronto desculpem...
mas eu continuo a achar que é um poema à morte; não como fatalidade, mas como um ciclo de esperança de renovação.
"Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!..."
Muito bonito...sempre gostei de Florbela Espanca.
Beijocas fofas
S
Engraçado como encaramos a poesia, uns interpretam de uma forma, outros de outra, tem dias que sentimos uma coisa, outros outra... acho que a beleza da poesia reside aí.
Eu já ofereci este poema á minha filha como incentivo á vida!
Para mim um dos melhores de Florbela Espanca.
Kiss, até outro instante!
Estás perdoado Arqueólogo, até porque temos temos a nossa visão, a nossa interpretação.
Agora disseste bem "um ciclo de esperança de renovação".
Beijinhos
P.S. Não dizes nada Mixikó?
Adoro... cada palavra... cada significado oculto...
Recorda-me uma fase da minha vida em que queria ser flor... malmequer... desenhava-os... plantava-os... e comprava tudo o que fosse decorado com eles :)))
Cresci... continuo a amar flores... a sua beleza... suavidade... perfume...
Este soneto faz parte do meu imaginário... bem como esta grande senhora (Concordando com a Xu)
Beijinhos em flor
PS palavras bonitas (e sábias) para se dedicar a alguém :)))
Nada...
"Surgir à luz a haste de uma flor!..."
Mais uma flor do Jardim de Poesia da Florbela Espanaca ...!
Uma Boa semana!
Bjks da Matilde
Tão lindo!!! Tão verdadeiro!!!
Boa semana doce Mixiko
Bjs grandes
Linkei o seu blog, o qual apreciei bastante.
Boa escolha. Boa semana.
olá
pois acho que ambos podem ter razão porque a razão existe naquilo em que acreditamos embora a autora tenha muitos mais poemas em que de facto fala de morte outros tem em que a morte significa não a morte física mas uma passagem para um outro estado de espírito quem sabe até transcendental
bjinho do
herc
Amor que morre
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos pra partir.
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!
Florbela Espanca, Reliquiae (1931)
Gostei especialmente do inicio:
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Bjs
Adoro a Florbela... beijo...
Adorei o poema :)
Passei para colocar a leitura em dia e deixar um beijo!!!
Olá Guerreira!!
Adorei o Poema. Saiba a dedicada entender as entrelinhas e fazer-se à vida
Beijos
A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita. (Mahatma Gandhi)
beijinho
Não conhecia este poema... é lindo, lindo, lindo!!!
Beijinhos bem grandes para ti doce Mixicó!
:)))
Guda morningue!
Tão, ficámos em 1930???º
Kiss e até mais daqui nada!!
Doce Mixikó... onde estás...
tenho saudades :)))
Beijinhos cu cu
Enganei-me totalmente na nomenclatura de cromo... pensei que queria dizer "pedante" e nao "falhado"... para mim, um beto poderia ser um cromo... enfim...
ERRREIIIII :)
beijos meus para faces tuas :)
Bonito!
Beijinhos
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